Era um dia de trabalho qualquer. Realizei minhas tarefas e o relógio indicava que a hora de ir para casa já tinha chegado há vinte minutos atrás, apesar da minha enrolação para enfrentar o sol escaldante que me aguardava fora dos limites do ar-condicionado da sala.
Sempre vou e volto do trabalho andando. Dádiva para poucos. Sim, DÁDIVA, pois para quem já enfrentou transportes públicos como o da empresa VSA ou Brisa para ir para Salvador, andar sob o sol de 13h é refrescante e revigorante... No entanto, nesse dia em comum, eu estava com uma sapatilha que apertava meu pé e estava fazendo calos, então decidi ir de ônibus até o terminal de integração (TIR) para depois pegar o ônibus que ia para o meu bairro. Era uma volta gigantesca, mas para um pé dolorido, o único remédio.
Assim que cheguei ao terminal, o ônibus que ia para meu bairro já estava pronto para sair #eitaGlória e não precisei esperar tanto como de costume. Ele seguia vazio, mas ao passar por alguns pontos, foi ficando cada vez mais cheio, sendo que entre os passageiros que adentraram o ônibus, haviam muitos idosos. A maioria conseguiu se sentar nos bancos restantes, alguns bem próximos a mim. Foi ai que entrou um senhor, tinha um porte viril para tal idade, mas suas cãs e sua pele cansada indicavam sua idade avançada. Eu estava sentada próxima a janela, na última cadeira, tinha ainda algumas pessoas em minha frente, mas o chamei e ofereci o lugar. Ele rejeitou, fez cara de bravo para mim, mas eu não me dei por vencida, levantei e dei espaço para ele passar e se sentar. Ele enfim se sentou e seu semblante mudou. Do nada ele já estava com um leve sorriso nos lábios e eu, me sentindo bem por ter tomado uma atitude. Nem me lembrava mais da dor nos pés. Naqueles instantes eu apenas me lembrava mesmo do que meu pai havia me ensinado quando eu era criança: "você é jovem, precisa ceder seu lugar às pessoas com bebês de colo, aos idosos, etc. Um dia você vai estar no lugar deles, ai vai ser sua vez de ganhar o lugar". Acho que isso é algo que somos, ou melhor, éramos ensinados desde que tínhamos consciência suficiente para entender que existem pessoas que precisam mais que nós de descanso. Atualmente o que eu vejo são a maioria dos pais dizendo "meu filho pagou passagem, tem o DIREITO de ir sentado". Hoje eu vejo pessoas que ainda cedem seus lugares, mas pelo andar da carruagem, essa atitude não durará muitos anos. Eu sinceramente peço a Deus que quando chegar a idade avançada não necessite utilizar transporte público, pois sinto que não haverá jovens que pensem como alguns de minha geração.
será?
Priscila R.
25/10/2013