É mais ou menos assim: você está com uma baita dor de cabeça, mas insiste em escutar música com o volume no máximo e de fones de ouvido. Escuta rock "pauleira", soul com muitos agudos, rap cheio de efeitos. Você sabe que com volume alto, sua cabeça dói mais, mas escutar música é que te resta quando o som ao redor não agrada. Te faz mal mas te faz bem, o paradoxo do prazer.

Te olhando assim de lado, quando você faz o que mais ama na vida, eu me sinto feliz.
Você não pode me olhar diretamente nos olhos porque precisa dar atenção à pista, então posso olhar a vontade sem que você perceba o quanto eu fico com cara de boba, apenas com o que você diz.
Te olhando assim de lado eu sorrio enquanto você dirige dançando aquela música que eu odiava, mas que agora não paro de escutar.
Eu fico em silêncio, você estranha e me pergunta: "- O que foi ?". E eu não consigo dizer que sinto o fim se aproximando, por isso respondo: "- Nada, só estou com sono."
Fico pensando se seria diferente se eu dissesse outra frase. Se seria diferente se dissesse o quanto estava feliz de ter olhar assim de lado. De te olhar assim do meu lado.

E se o essencial é invisível ao olhos, você se tornou absurdamente invisível aos meus.
Não que antes já não o fosse, mas só agora constatei que um dia sem te ver, ou sem ao menos falar com você, não é um dia bom.