Hoje, acordei e senti que minha vida era uma folha de papel em branco, onde eu teria a chance de escrever, desenhar e pintar todos os acontecimentos. O lápis estava em minha mão esquerda e as tintas espalhadas ao redor, esperando por mim. Mas minha maior vontade, era olhar a página de ontem e a de anteontem para redesenhar o de sempre, o comum e continuar vivendo o mais fácil, ainda que menos glamouroso. Então me veio a coragem e meu desenho tomou um rumo novo, uma forma diferente e enquanto pintava com as cores do arco íris, prendi a respiração com medo de errar, tudo ficou suspenso ao meu redor pela ansiedade e expectativa, mas no fim percebi que até minhas mal traçadas linhas faziam sentido e então o medo do que era novo se dissipou.
Tinha muito sono acumulado. Queria escrever, o sono a impedia. Parava para ler um livro, dormia ao chegar na metade de um parágrafo. Decidiu fazer algo para resolver esse problema.
"Vou colocar o sono em algum lugar" - pensou consigo mesma, embora não soubesse onde. Se o guardasse em um local de difícil acesso ou escondido demais, poderia não conseguir chegar até ele quando desejasse.
Então parou, pensou e chegou à conclusão de que deveria depositar o sono no amor romântico.
Ele já tinha sido muito usado e abusado durante 20 anos de sua vida de 30. Ele já tinha amado demais quando não havia reciprocidade. Ele já havia sido calejado, quando precisava descansar e ser ser chamado apenas na hora certa.
Assim que depositou uma parte de seu grandioso sono, o amor descansou serenamente. Dormiu e nada o incomodou. O amor tinha muito à fazer, pois quando se dorme é possível sonhar os sonhos mais improváveis, é possível voltar a sentir-se como criança com apenas uma imagem. Quando se dorme as células regeneram-se com mais facilidade, dando viçosidade à pele. O sistema imunológico fica mais forte. Melhora o humor. Dormir faz bem e o coração precisava descansar. Ele precisava aprender a esperar o tempo certo de todas as coisas.
"Conjuro-vos, [...] , que não acordeis, nem desperteis o amor, até que este o queira" (Cantares 3:5)
Ao som de Simonami, que serviu de inspiração ♥
Prisca Rockbell ♥
(17/09/2013)
Essa semana perguntaram minha idade e confesso que parei para pensar. Fiz as contas e ainda perguntei a minha amiga quantos anos ela tinha, pois, já que sou um ano mais nova, saberia minha idade. Não, eu não sofro de problemas de memória, dislexia ou lerdeza aguda, é que depois dos 18 o tempo parece ter passado tão rápido que eu sempre me perco entre os aniversários. Ok, falando assim até parece que eu nasci em um ano bissexto e me confundo com as datas, mas não...
Eu amei ser criança, um pouco menos de ser adolescente e gosto de ser jovem. Vivi bem um pouco de cada, embora carregue características de cada uma dessas fases de minha vida. Mas ai eu cresci e tudo é correria, prazos, tempo curto. Eu paro na praça e vejo crianças correrem também, mas a corrida delas não incluem responsabilidades ou transtornos, e é por isso que eu as admiro com saudade desses meus dias.
Mesmo que eu não tenha sido uma adolescente que nos momentos rebeldes tenha dito que não via a hora de fazer 18 anos para sair de casa, o tempo não me espera e a matemática que segue é que, a cada ano minha idade é acrescida na mesma proporção que os meus dias vão sendo subtraídos.
Escrevi inspirada na música 21, da banda Scambo.
(30.07.13)