Vermelho como morango

E levava algo, que às vezes, era tão doce quanto.

Vermelho como pimenta

E fez meus olhos lagrimejarem tanto quanto provar a mais forte delas.

Vermelho como sangue

Aquele recém espirrado de um corte bem profundo 

Daquele que deixa uma enorme cicatriz.

Vermelho como batom

Que deixei de usar porque chamava muita atenção.

Vermelho como um coração

Que bate num ritmo frenético 

ao mesmo tempo que a minha pupila dilatava sem eu perceber.

Vermelho como alguns tons que aparecem em uma chama de fogo

Tão quente quanto e que deixa muitas cinzas quando chega o fim.

(26.02.2014)

Ó sábio menino tolo, sua mãe não lhe ensinou que se não é seu, você não pode levar? 

Que se você não comprou, não pode usar?

Que se não ganhou, não pode se gabar?

Ó sábio menino tolo, você ainda não entendeu que se não fizer algo, alguém irá fazer? 

Se não ir atrás, alguém ira correr? 

Que se você não quer, haverá sempre alguém a querer?

Ó sábio menino tolo, quanto tempo mais você ainda vai esperar? 

Sabia que há alguém já a espreitar? 

Alguém só aguardando um vacilo seu para tomar o seu lugar?

Uma música toca no rádio. Alguns meses atrás eu apenas cantaria e dançaria sorrindo, mas hoje, eu atribui a ela um significado a mais. Pronto, perdi a música para sempre.

Aquele caminho que o ônibus percorre, é o mesmo de sempre. Mas na minha mente, ele diminui a velocidade quando passa pela praça que eu escolhi como nosso ponto de encontro.

Sempre comia batata e bebia suco de uva naquele fast-food, mas agora, toda vez que vou lá, é do seu "eu não saio daqui sem um Big-Mac" que eu me lembro... Passar pela frente daquele drive-thru me faz lembrar. Ir lá de novo? Nem pensar! O atendimento foi maravilhoso, mas as lembranças me impedem de voltar.

(Algum momento em 2013)

Estou fazendo minhas malas e sinto que estou esquecendo alguma coisa. Forço a mente para lembrar o que é, pois sempre que isso acontece, me lembro tarde demais que deixei algo muito importante e que iria precisar. Analiso minha chek-list (sim eu costumo criar uma) e noto que tudo que anotei esta devidamente embalado.

 ( x ) Blusa preferida

 ( x ) Calça colorida

 ( x ) Roupa de praia

 ( x ) All star surrado

.

.

.

 ( x ) Amor não correspondido

 Espera aí, o último item acima nem deveria estar em minha check-list, quando mais embalado. Tenho certeza que ele pesará tanto que extrapolarei o limite estipulado pela companhia aérea, haja vista que transportar sentimento tão grande já foi pesado todos esses anos para mim. Agora é hora de deixar ele por aqui mesmo, ou melhor, pegar seu embrulho e deixar à porta de casa, vai que passa alguém com quem esse amor se encaixe melhor do que eu.

Agora as lembranças ligadas a ele nesse continente e partir para outro em que vou colocar meu amor em lugares, novas pessoas que conhecerei e em atitudes que vou vivenciar.

Retiro o último item do meu check-list. Retiro também da mala (devo dizer que ele ia em formato de fotos, textos, presentes) e retiro enfim do meu coração e das lembranças. Vou voar sem limites. Vou voar mais alto, só por me sentir mais leve.

[...]

Agora preciso afivelar o cinto e só soltar quando o comissário "coração sadio" indicar o status do "pode desafivelar com cuidado e amar sem medidas novamente".

(22/01/2014)

Ando lendo uns contos e crônicas que se parecem um pouco comigo. Me admiro como existem pessoas que não se importam com o que vão pensar delas por conta de seus escritos, mas eu ligo... E muito.

Tenho medo de me julgarem por saber que sou frágil, que erro (muito) ou que por diversas vezes me sinta triste ou absurdamente feliz por algo que não quero compartilhar com todos. 

Sinto um medo absurdo de escrever um texto de um tema diverso e acharem que é uma autobiografia. Dá medo pensarem que tudo que escrevo é sobre mim, pois só quem tem o costume de escrever sabe como o danado do Eu lírico toma conta dos nossos pensamentos e quer contar aquilo que julga necessário. Muitas vezes ele chuta o bom senso e o disse-me-disse das pessoas ao redor. Ele briga comigo todos os dias quando pego a caneta ou abro o editor de texto no computador. Ele quer expor as idéias sem medo do que vão falar e, quer saber ? Acho que vou mesmo deixar.